Normal 0 21 false false false MicrosoftInternetExplorer4

 

 

 

 Publicado: 08/05/2009

 

(XV)

 

 cebolenses 

bora lá

à terra

do graveto do chamiço

e das torgas

que já não há aos torgais 

à terra

de casas senhoriais

imaginadas

planeadas

edificadas

no lugar de matagais

à terra

do cabeço e do outeiro

 com pombal

 sem pombas a voar

a arrulhar

hu-úúm-hu 

e do airoso rodeio

que nun mostra

cmás fitas de cobóis

 o laço a sibilar

tsssssssss

prás reses amansar 

nun há cows

 mas há boys

 

bora lá  

ao ribeiro souto

ca canada e cascalhal

mas sem souto e sem chiqueiro

resta a presa e o ribeiro

 o cabeço carvalheiro

e sua filha abesseira

onde a gente sempre passa

como pé em passadeira

 

não há adro 

e ao terreiro falta terra

e espaço

e jogos

e  festa

que foi pra capela arejar

arejar 

arejar areja um campo

com ar de abandonado

não há golos

sobra mato

terreno para desbravar

a jogar

 

e outro sem balizas

à portela

onde jogam só os lobos

lobo preto a apitar

iiih ca mau

e o público a uivar

fora o árbitro

auuúúúúúu 

bora lá

e se adro já não há 

vamos à eira

com sol

mas sem milho pra secar

nem fontanário central

arte poliédrica

que a alguém fazia mal

quem tiver sede

sirva-se da parede 

e a tapada destapada

alargada

pra passeio

vivó clube

tornadouro sem en

todo catita

hem

que regalo

um brinco

um asseio

abençoada fontita

com cravos e rosas

mas sem nabos

 nem botôlhas

e cabaças

o quintal 

e a cruz da rua sem podoa

nem com foices e martelos

 fica igual

bem ficam os paralelos

no lugar do passadiço

que levou sumiço

oh o passadiço

que levou sumiço

e a moreira

 sem amoreira

perdeu o a

ao cair

prámora não tingir

a veste domingueira 

bora lá 

à bênção dos velhotes

com saúde pois claro

bênção sincera

pudera

e do senhor prior

que já não é só  nosso

o prior

é o que temos

senhor

é pena

o senhor bispo assim o quis

aceitemos

bora lá 

à terra

onde nascemos

nossa origem

vossa nossa minha terra

que é onde está a morcela a chouriça

a pica a goleima

e a matança do porco

oinc oooiiinnnc

carne fresca à farta

corta ali mais dali

há fritada

hoje

e o leite no cincho

a coalhar

corre o soro o soro escorre

já não esbarriga

bota prá barriga

agora é queijo

fresco

queijo de cabra

no fresco da loja

onde a adega a pipa

o xquen o txiq o tonh o frëd

grandes companheiros

homens grandes

francos

é a magia de receber

a beber a comer sem talher

dar a receber

receber a dar

é partilhar

é amizade

é calar a saudade

o presunto já quase no osso

quase dói

e como por encanto

já outro além ao canto

espera o canivete

que também corta a broa

o canivete

e a malga cheia

numa rodada

à roda da pipa

da pipa que já roda

bota bota

enche enche

boa pinga dizem todos

se não é fica a ser

nome de crisma

boa

é du më bacelit da cerdera

cuns pezits das aradas

e du val da colhör

pro ano vai ser melhor

aposto

 

bora lá 

à terra

da costa sem mouro

sem ouro

sem castelo

onde o sete do zodíaco balançou

e em estranha dança

pairou

olhou

parou

sortilégio de balança

calhou

e

assim brotou

medrou  amou

sofreu suou

o talo que sobrou

constantino braz figueiredo