Corre o ano de 1951,fins de Junho em Cebola.Um garoto de 12 anos, no terraço da sua casa à Eira, observa, embasbacado, o que se passa nesta madrugada à sua volta.
Lá longe, a leste, para as bandas de Porssim, vislumbram-se já as suaves silhuetas das serras, lentamente se despindo das suas vestes da noite.
A Nordeste, Sua Majestade a Serra da Estrela, ainda meio ensonada, envia-nos a sua saudação de "bons dias".
Suavemente, o horizonte aclarece e é inundado por um oceano de lindas cores, que com a sua difusa luz nos vai desvendando a beleza das nossas Montanhas.
As andorinhas cruzam alegres, numa velocidade estonteante, em volta da torre sineira e sobre as nossas casas, como que a quererem chamar-nos a partilhar com elas este maravilhoso nascer de sol.
Entre o cimo da Avesseira e a Pedreira desliza, elegante e majestoso, um Açor, à procura de presa.
O silencio matinal é quebrado aqui e além:
Do Largo da Eira, pelo correr da água da Fonte, enchendo o cântaro da minha vizinha Tia Preciosa e pelo chilrear dos pássaros na frondosa Mimosa ao lado da Fonte;
Do vizinho "Tronco", pelo Tio Alfredo "ferrador", conversando com o seu fole e suas ferraduras; Do Ribeiro Souto, pelo cantar dum galo e pelas campainhas de cabras a caminho da serra; Dos lados da Cruz da Rua ,pelo chiar do carro de bois do Xico "Ganhao", chamando "é boi! é boi!"; Da encosta da Avesseira, pela voz familiar da Tia Laura, saudando alguém, e pelo sulcar das águas nas levadas, a caminho das viçosas hortas; Dos lados da Costa, pela voz melodiosa duma jovem, cantando "Ó oliveira da serra..."; Dos lados do Adro, pelo sino da nossa igreja, tocando para a missa diária do madrugador padre Ricardo;
Duma Quelha dos lados da Igreja, pela voz da simpática Tia "Mouca". Dum canteiro no canto do terraço de minha casa, uma leve brisa sopra-me o perfume de alecrim, a planta predilecta de minha mãe.
Da cozinha chegam-me cheirinhos a café, cacau e torradas.
Cautelosamente, como que a não querer assustar-nos, o sol espreita agora detrás dum monte e envia-nos os seus primeiros suaves raios de luz e calor,para momentos depois, num mar de rubras cores,nos mostrar todo o seu esplendor astral.
A minha aldeia, como uma sedutora noiva espreguiçando-se no aconchego deste verdejante vale da serra do Açor,acaba de despertar!
OdaEira
Lá longe, a leste, para as bandas de Porssim, vislumbram-se já as suaves silhuetas das serras, lentamente se despindo das suas vestes da noite.
A Nordeste, Sua Majestade a Serra da Estrela, ainda meio ensonada, envia-nos a sua saudação de "bons dias".
Suavemente, o horizonte aclarece e é inundado por um oceano de lindas cores, que com a sua difusa luz nos vai desvendando a beleza das nossas Montanhas.
As andorinhas cruzam alegres, numa velocidade estonteante, em volta da torre sineira e sobre as nossas casas, como que a quererem chamar-nos a partilhar com elas este maravilhoso nascer de sol.
Entre o cimo da Avesseira e a Pedreira desliza, elegante e majestoso, um Açor, à procura de presa.
O silencio matinal é quebrado aqui e além:
Do Largo da Eira, pelo correr da água da Fonte, enchendo o cântaro da minha vizinha Tia Preciosa e pelo chilrear dos pássaros na frondosa Mimosa ao lado da Fonte;
Do vizinho "Tronco", pelo Tio Alfredo "ferrador", conversando com o seu fole e suas ferraduras; Do Ribeiro Souto, pelo cantar dum galo e pelas campainhas de cabras a caminho da serra; Dos lados da Cruz da Rua ,pelo chiar do carro de bois do Xico "Ganhao", chamando "é boi! é boi!"; Da encosta da Avesseira, pela voz familiar da Tia Laura, saudando alguém, e pelo sulcar das águas nas levadas, a caminho das viçosas hortas; Dos lados da Costa, pela voz melodiosa duma jovem, cantando "Ó oliveira da serra..."; Dos lados do Adro, pelo sino da nossa igreja, tocando para a missa diária do madrugador padre Ricardo;
Duma Quelha dos lados da Igreja, pela voz da simpática Tia "Mouca". Dum canteiro no canto do terraço de minha casa, uma leve brisa sopra-me o perfume de alecrim, a planta predilecta de minha mãe.
Da cozinha chegam-me cheirinhos a café, cacau e torradas.
Cautelosamente, como que a não querer assustar-nos, o sol espreita agora detrás dum monte e envia-nos os seus primeiros suaves raios de luz e calor,para momentos depois, num mar de rubras cores,nos mostrar todo o seu esplendor astral.
A minha aldeia, como uma sedutora noiva espreguiçando-se no aconchego deste verdejante vale da serra do Açor,acaba de despertar!
OdaEira