Hesitei em debruçar-me sobre este assunto, pois admitia lançar mais achas para a fogueira, até porque já não faz qualquer sentido abordar o mesmo, decorrido meio século.
Acabei, porém, por o fazer para clarificar o assunto até porque certamente por má informação o N. da Covilhã comete um erro quando afirma de que a idéia partiu de um grupo restrito de pessoas.
Eu, que era o correspondente do Notícias da Covilhã, em Cebola, nessa altura, acompanhei o caso de perto, pelo que estou em condições de afirmar de que o pedido de mudança de nome coube à Junta de Fregueia, mas por "exigência" da generalidade dos cebolenses.
O nome de São Jorge da Beira foi consensual, dado tratar-se do padroeiro da Freguesia.
Não houve qualquer outro nome em cima da mesa.
As razões foram as seguintes: Cebola era sempre referenciada em termos depreciativos e os seus naturais a residirem fora da localidade eram apelidados de "O Cebola"
Na altura frequentava o liceu da Covilhã, pois eu nunca era tratado pelo meu verdadeiro nome, mas só pelo " O Cebola"
E isso magoava-me,sèriamente, porque o intuito era depreciativo
Por alguma razão o então Ministro do Interior deferiu o pedido em menos de seis meses.
Agora, ainda há quem sugira fazer um referendo no sentido de voltar a CEBOLA !
Mas alguém imagina o Ministro da Administração Interna aceitar tal pedido, não havendo qualquer motivo que o justificasse ?
A propósito, e conforme prometi em tempos, vou transcrever parte do que escrevi em 05-11-1960, no N.da Covilhã: "Ao mudar-se a denominação da terra que nos serviu de berço satisfêz-se o desejo unânime de duas mil almas, que receberam a notícia com uma alegria verdadeiramente indiscritível.
Conhece-se de sobejo a razão porque é que os filhos desejavam e queriam que o nome de Cebola passasse à história. Aliás, as razões foram apresentadas com bastante clareza na exposição feita pela Junta de Freguesia ao Ministério do Interior
O diploma foi publicado no Diário do Governo de 21.10-1960, I série nº245 sob o decreto nº 43.263.
Atendendo aos motivos invocados pela Junta de Freguesia de Cebola e tendo em conta os pareceres da Junta Distrital e do Governador Civil de Castelo Branco e de que S. Jorge é o padroeiro da freguesia, o governo decreta e eu promulgo o seguinte:
A freguesia de Cebola, passa a denominar-se S. Jorge da Beira
Américo Deus Rodrigues Thomaz, António de Oliveira Salazar e Arnaldo Schulz.
21 de Outubro de 1960
Esta é a verdade dos factos.
Ninguém levantou a voz em sentido contrário!
Tó Almeida