Uma mixórdia de chuva, neve e granizo bate, arremessada pelo vendaval, nos vidros da janela. O céu sobre Berlim mostra-se nestes princípios de Abril no seu mais carregado cinzento. Lá fora na rua, gentes empacotadas dos pés à cabeça apressam-se nas suas andanças. Dos lábios de algumas delas podem ler-se desabafos como "Scheisswetter!" (merda de tempo!). Um velho emigrante cebolense recusa-se a observar mais tal triste espectáculo, fecha os olhos e imagina fazer uma visita à sua terra no ano de 2050.
Cebola em princípios de Abril de 2050. Está um dia de sol primaveril. O sino acaba de bater as cinco horas da tarde. O termómetro mostra 24 graus centígrados. Já lá vão duas semanas que a última "Aguieira" desandou serra abaixo, causando horas atribuladas aos cebolenses a sofrer do reumático. Uma e outra nuvem salpicam o céu azul. Sentado na esplanada da pastelaria "Tia Delfina" à Eira e deliciando-se com um naco de pão de ló acompanhado de galão, o velho emigrante de tempos passados observa como dois turistas chineses jogam o xadrez nos quadrados calcetados no pavimento em frente. Na mesa ao lado, com as suas caipirinhas à frente, conversam animadamente dois engenheiros brasileiros que trabalham nas Minas. Um casal de turistas canadianos faz fotografias da mimosa em plena flor à entrada da Eira. Descontraidamente sentados nas escadarias do novo jardim conversam e namoram jovens da terra e turistas. A garotada corre e berra por entre a decoração já montada para a festa que começará dentro de tres horas. Biliões de flores de urzes, carqueijas, giestas e inúmeras plantas selvagens saúdam-nos das nossas serras desde a Portela até ao Vale, Cerdeira, Panasqueira e Cambões, transformando este nosso canto na Serra do Açôr numa perfumada beldade sem igual.
Quem chega à nossa terra, entretanto elevada a vila com cerca de 9.000 habitantes, já de longe pode ler o nome de Cebola escrito em letras gigantescas ao cimo das Fontes, formadas por giestas e urzes acuradamente cortadas e aparadas. Desde há algumas dezenas de anos que a nossa terra exibe de novo o nome de Cebola! As nossas anexas também receberam a partir daí os seus velhos nomes de Cerdeira e Vale. Assim foi decidido por esmagadora maioria dos nossos conterrâneos, aderindo à iniciativa lançada pela "cebola.net". Esta apresenta-se entretanto também em inglês, francês e alemão. Há muitos Cebola-descendentes que por várias razoes ou desleixo dos seus antepassados não falam o português. Além disso, os seus amigos canadianos, franceses, alemães também gostam de espreitar uma vez por outra no nosso site. Este conta com mais de 10.000 utilizadores registados, que o apoiam não só com os seus contributos e comentários, mas também financeiramente.
À Fontanheira espalha-se um pequeno complexo turístico de 4 estrelas, que se tornou no refúgio predilecto de muitos hóspedes à procura da calma e beleza das serras. O velho palheiro em pedra da região ainda tem as paredes por caiar, mas dentro dispõe de requintado conforto. Três edifícios de aparência e conforto semelhante distribuem-se um pouco abaixo desde o muro a Leste até ao ribeiro. Todo este complexo está rodeado de jardins com oliveiras, figueiras, cerejeiras, sabugueiros, ciprestes, trepadeiras, roseirais e veredas ladeadas por buxos. A cerca em volta é feita de giestas e mimosas aparadas.
Na Cerdeira também foi construído um complexo turístico semelhante junto à ribeira. Dispõe dum espaço "spa", oferecendo massagens e banhos de relax.
Nos Cambões dispomos dum belo hotel de 3 estrelas. Do seu restaurante panorâmico goza-se uma vista espectacular até à Cova da Beira. A cozinha regional aqui oferecida goza de grande reputacao na regiao. O chefe de cozinha é um descendente da terra nascido em Paris, distinguido com 2 estrelas Michelin. Há 20 anos atrás decidiu vender o seu restaurante aí, investindo nos Cambões toda a sua fortuna.
A estas unidades turísticas juntam-se em Cebola mais um hotel à Eira e outro ao Rodeio, 5 pensões e numerosos quartos particulares, que sobretudo nos meses de Abril e Maio quase sempre estão esgotados. Operadores turísticos em todo o mundo apregoam para esta altura do ano nos seus prospectos "Serras em Flor", que atraem multidões de turistas a Cebola e a toda a região.
Viçosas hortas estendem-se em socalcos pelas encostas da vila acima, quase até ao viso dos cabeços. A sua irrigação é feita a partir das três pequenas barragens nos três principais ribeiros, ligadas a um sistema sofisticado de rega, que não desperdiça uma única gota de água. Uma destas grandes presas dispõe duma praia com as mais modernas infraestruturas e zona envolvente ajardinada.
Todas as barragens alimentam pequenas centrais geradoras de energia, que juntamente com o parque de colectores solares ao cimo do Pombal cobrem completamente as necessidades em electricidade da nossa terra.
Quase todas as casas dispõem dum aparelho desenvolvido por Michael Serra (nome fictício) em colaboração com o Instituto Politécnico da Guarda e produzido, juntamente com os respectivos colectores solares, numa fábrica no parque industrial à Eira das Casas. Este aparelho de pequenas dimensões e preço módico fornece toda a energia solar que uma casa até 200 metros quadrados de espaço habitável necessita. A fábrica emprega cerca de 110 pessoas, a maior parte técnicos especializados. Alguns deles já receberam a sua formação profissional na Escola Politécnica de Cebola.
Ao lado desta fábrica erguem-se mais 3 unidades industriais. Uma delas produz mini-turbinas para pequenas barragens, dando emprego a cerca de 80 pessoas.
Uma outra produz baterias de grande capacidade de armazenamento de energia e com patente do Politécnico da Guarda, empregando 95 técnicos.
Uma outra fábrica produz compotas de frutas da região, assim como conservas de legumes. Pelas encomendas que recebem, todas estas empresas muito mais poderiam produzir, mas os responsáveis preferem concentrar-se na consolidação e qualidade do que produzem, em vez de impulsionar a produção em massa.
Uma Cebola-descendente vinda da Alemanha dirige no parque industrial uma empresa do ramo informático, que oferece uma software por ela desenvolvida e de grande procura no mercado.
Novos bairros de casas próprias e de aluguer espalham-se pelas encostas acima dos Cabecinhos até acima da Fontanheira e desde o Vale da Colher até ao Vale Bacelo. Todos estes bairros são rodeados de viçosas hortas e jardins, inundados de luz e Sol.
Desde há algumas dezenas de anos atrás que as Minas da Panasqueira sao exploradas por uma Companhia Mineira Brasileira, que aqui fez avultados investimentos na prospecção de novos filões e numa fábrica na Barroca Grande, onde o volfrâmio é submetido a um tratamento que o mais valoriza. Lá vao os tempos em que o minério era exportado na sua forma bruta, sem qualquer valor acrescentado. As Minas empregam cerca de 1.000 pessoas, entre elas para cima de 200 engenheiros e técnicos brasileiros. Muitos destes moram com as suas famílias nos novos bairros de Cebola. A extracção de volfrâmio, altamente mecanizada, ultrapassou no passado ano as 15.000 toneladas. A Companhia dispõe de 5 helicópteros de carga e 2 de passageiros, que além de fazerem serviço para esta, também sao utilizados pelas fábricas do nosso parque industrial e pelas unidades turísticas para transporte do aeroporto da Covilhã ou para as pistas de esqui na Serra da Estrela.
O antigo casarão do Tio Jorge à Eira foi há vinte anos atrás modernizado e abriga desde então a conceituada Escola Politécnica de Cebola. É uma instituição particular de ensino para quadros médios, onde o ensino teórico e prático é ministrado simultaneamente e com capacidade para 50 alunos. Oferece várias especialidades como Ciências Agrárias, Electrotécnica, Informática e mais. Desde a sua abertura que trabalha em estreita colaboração com as escolas primárias de Cebola, com vários Institutos Politécnicos, com a Companhia concessionária das Minas, com a empresa agrícola do Vale Bacelo e com as empresas do nosso parque industrial. O ensino aqui oferecido orienta-se pela convicção de que uma boa educação profissional é a base de todo o progresso e bem estar duma sociedade. Para alcançar este objectivo é indispensável oferecer à juventude a chance desta formação, independentemente dos seus meios. O que conta são a inteligência e talentos e não se os pais podem ou não financiar a educação dos filhos. Os professores procuram detectar já nas escolas primárias quais as crianças com talento para matemáticas e ciências naturais, para as ir então acompanhando e incentivando nos seus estudos. A boa reputação desta escola espalhou-se de tal maneira pela região, que se vê obrigada a recusar muitos pedidos de admissão. No "dia das portas abertas" é uma vez por ano possibilitada ao público uma visita livre às modernas instalações. A festa do fecho de curso é feita tradicionalmente em noite de Lua cheia, à Eira.
A sede da nossa Filarmónica foi ampliada e modernizada, abrigando uma escola de música com mais de 20 alunos. A direcção trabalha em estreita colaboração com as escolas primárias, onde vai recrutar talentos. Membros dos quatro grupos musicais de Cebola foram alunos desta escola. Dois destes grupos já publicaram vários álbuns de música por eles composta e com textos das nossas poetizas e poetas, com reputação para lá das fronteiras da região.
O nosso dinâmico pároco, um apaixonado da música e grande organizador, fundou e dirige o Grupo Coral de Cebola com 60 cantores de ambos os sexos e de todas as idades. Nos dois domingos de cada mês em que o Grupo Coral canta na Igreja, esta enche-se até ao último lugar. Todos os espaços à frente e em volta do Templo abarrotam de gente, que dentro não encontrou lugar. Então o grande Portal de entrada e todas as portas e janelas laterais são escancaradas, para que os cá fora também possam ter o prazer de escutar. O repertório do Grupo Coral não se limita apenas à música sacra. As suas actuações fora da terra e até para lá fronteiras são tantas, que ultimamente só podem cantar uma vez por mês em Cebola. No próximo 13 de Junho vão actuar, juntamente com outros Grupos Corais do país e do estrangeiro na tradicional "Peregrinação dos Grupos Corais" que todos os anos é realizada em Fátima. Aqui se fusionam num único e majestoso conjunto coral, atraindo já mais peregrinos do que no 13 de Maio. Todos os cantores destes Grupos Corais juntos atingiram no ano passado o número de 15.000 e neste ano, segundo o nosso pároco, esperam-se para cima de 20.000! É ele que irá dirigir este ano este impressionante conjunto coral durante a Procissão das Velas e no Adeus. Cebola inteira anda já nos preparativos para uma gigantesca Peregrinação nessa data. Cerca de 500 pessoas tencionam fazê-la a pé. A Companhia das Minas vai pôr à disposição, como todos os anos, os seus helicópteros, para transportar gratuitamente o Grupo Coral a Fátima. E este ano até vai pôr um de carga para apoiar logisticamente os peregrinos a pé.
O Grupo de Teatro, assim como o Rancho Folclórico e o Grupo de Samba da colónia brasileira fazem as suas provas e exibições no Clube à Tapada, que foi ampliado e modernizado com um salão adicional.
O espaço em frente à Igreja e do lado do ribeiro foram alargados e ajardinados.
O largo da Eira foi há dez anos atrás completamente remodelado. As casas que o separavam da Tapada foram demolidas, dando lugar a um belo hotel. A casa da família Brás e a casa com terraço em frente também foram demolidas, sendo assim a entrada para a Eira alargada e ajardinada. A mimosa em flor aqui plantada inunda em Abril todo o largo com o seu perfume. Além disto todo o largo foi calcetado à portuguesa, com uma Rosa dos Ventos no meio e mais além com os quadrados a preto e branco do jogo de xadrez. Aqui se entretêm os reformados da terra ou os turistas, jogando com figuras de um metro de altura. O quintal da Tia Isaura foi ligado ao largo por uma escadaria e faz agora parte dum belo jardim público, que faz ligação ao do Centro Social.
Em todos os barrocos foram plantados castanheiros de qualidade, entremeados por sabugueiros. As partes cimeiras das encostas estão cobertas de pinhais misturados com outras árvores folhudas, separados por grandes espaços cobertos de carquejas, urzes e giestas.
Jim Carvalheiro (nome fictício), bisneto dum cebolense que tinha emigrado para o Canadá na década de 1950, dirige desde há 15 anos uma empresa agrícola no Vale Bacelo, que se estende desde a Ribeira de Cebola até ao cimo da serra. Aqui tem um viveiro de árvores para vender e um enorme parque com colmeias para produção de mel. Além disto plantou pomares com cerejeiras, figueiras e outras árvores de fruta, que se estendem até ao meio da serra e daí para cima plantou castanheiros e sabugueiros. Vende também serviços de reflorestação e limpeza de matas. Faz análises aos solos, aconselha na escolha das plantações e cultivos a fazer e instala sistemas de rega. Os serviços oferecidos são tão procurados, que emprega para cima de 150 pessoas, com tendência a crescer. O espírito empreendedor deste nosso conterrâneo não conhece limites. Ultimamente tem andado a falar em fazer o mesmo nas encostas do Vale de Muro e da Cerdeira, onde quer plantar grandes olivais e pomares com árvores de qualidade. Se bem que se sentisse bem no Canadá, onde a economia continuava e continua a prosperar em clima social harmonioso, ele decidira-se no ano de 2035 a viver em Cebola, seduzido pelas serras floridas e recordando-se das histórias contadas pelos bisavós. Tirou o diploma de Ciências da Agricultura na Universidade Laval do Quebec e depois duma visita a Cebola ficou de tal maneira apaixonado, que aqui se radicou. Também é professor na Escola Politécnica à Eira.
Uma casa de dois andares aos Paralelos, que durante décadas esteve abandonada, abriga agora a Biblioteca Pública, apetrechada com milhares de livros, jornais, revistas, música gravada e ligações à Internet. O rés do chão está ligado a um pequeno jardim e é reservado exclusivamente à juventude. Todos os dias se vêm aqui grupos de crianças dos jardins de infância e escolas primárias, guiadas e incentivadas pelos professores que as acompanham no gosto pela leitura. Para os adultos estão o primeiro e segundo andar à disposição. Aqui podem passar horas seguidas lendo sentados em confortáveis poltronas.
O grande progresso e bem estar que se vive em Cebola deve-se em grande parte aos descendentes dos nossos emigrantes, que por vários motivos aqui resolveram vir viver. O maior número deles veio da Alemanha entre os anos 2020 a 2025. Este país estava habituado a fornecer massivamente o mundo inteiro com quase metade da sua produção industrial. Mas o domínio sobre a economia mundial assumido nessa década pela China, Índia e Brasil conduziu países como este, altamente industrializados e dependentes das exportações, a um dramático declínio económico. Os fregueses de então mudaram de fornecedores, obrigando as fábricas aqui a despedir milhões de operários, que se empurravam nessa década à porta dos postos de assistência social. Foi aqui que os incorrigíveis arruaceiros racistas encontraram multidões de seguidores, originando graves conflitos sociais. Todos aqueles com aparência ou apelidos estranhos aos dos indígenas eram alvo da agressividade e segregação destes. O clima social tornou-se de tal modo insuportável que muita desta gente odiada e perseguida se decidiu a abandonar tal país.
Foi nesta altura que muitos Cebola-descendentes desempregados, a maior parte deles com uma excelente formação e experiência profissional, decidiram procurar a sorte na pátria dos seus antepassados. Dentre eles sobressaía o Michael Serra, de raízes cebolenses. Formado em Engenharia de Máquinas pela conceituada Escola Superior Técnica de Aachen na Alemanha, trabalhou 12 anos como director técnico numa fábrica de colectores solares nas imediações de Düsseldorf. Quando a concorrência chinesa levou esta à falência, resolveu vir investir o seu saber e as suas economias em Cebola. Ao pedido de alguns alemaes desempregados, ele respondeu,"Claro que podeis vir comigo para a minha terra. Nós lá iremos certamente arranjar também trabalho para vós. No século passado foram os alemaes que deram trabalho aos meus Avós. Hoje cabe aos portugueses retribuir-vos. Vinde daí comigo!" Hoje, neste ano de 2050, eles ainda trabalham e vivem com as suas famílias nos nossos bairros cheios de sol. Michael tem hoje os seus 60 anos de idade, estatura média, costas largas, cabelos grisalhos, cheio de dinâmica, visionário e empreendedor por natureza. As suas melhores qualidades são no entanto a capacidade de convencer e entusiasmar todos aqueles com quem lida para os seus projectos, assim como a sua modéstia e abnegação pelo bem da comunidade. A sua maneira de falar calma, fluente, sem gaguejos, irradia convicção e conhecimento profundo daquilo que diz. É a ele que se devem a construção, nos anos de 2025 a 2030, do parque de colectores solares ao cimo do Pombal, das barragens, das fábricas de mini-turbinas e a de geradores a energia solar. Uma das facetas da sua competência profissional ficou patente no discurso que proferiu pela inauguração da fábrica de mini-turbinas, ao falar, "Porquê construir barragens gigantescas e transportar então a energia aí produzida sobre grandes distancias e com grandes perdas para os consumidores? Porquê construir gigantescas centrais de produção de energia, consumindo rios de petróleo e outros combustíveis não renováveis? Acabemos com estas asneiras! Deixem-nos descentralizar a produção de energia! A água conduzida pelos nossos ribeiros no inverno chega para alimentar pequenas barragens e o Sol que brilha sobre as nossas serras só espera que lhe aproveitemos a energia. Vamos à Obra, conterrâneos! Vamos ganhar aqui, agora e para o futuro toda a energia de que precisamos!". Michael também é professor na Escola Politécnica à Eira.
Mas foi a humilhacao sofrida na segunda década deste século que nos deu o empurrao inicial para o progresso alcancado. Portugal e os países do Sul Europeu debatiam-se nos anos de 2010 a 2014 com graves problemas financeiros e estruturais. Os seus medíocres dirigentes, aliados à nossa mentalidade de indiferença com respeito à Técnica e actividades empresariais, conduziram-nos a países de simples consumidores, com fraca produção industrial própria. Os Países Nórdicos deliciavam-se em nos titular como o grupo dos PIGS (Portugal, Italy, Greece, Spain). O auxilio que eles nessa altura nos prestaram fizeram-no de má vontade, mais por pressão da União Europeia do que voluntariamente, sempre desconfiados das nossas intenções de pagarmos os créditos concedidos. Já assim não aconteceu com os Chineses e Brasileiros, que de boa vontade e mais sabiamente nos ajudaram a sair da crise, naturalmente com legítimo proveito também para as suas economias. Eles deram-nos créditos a melhores condições e fizeram avultados investimentos na construção de unidades fabris, que passaram a fornecer o mercado europeu com os seus produtos. Assim fomos catapultados para países altamente industrializados, capazes de competir com os Países Nórdicos.
Competentes dirigentes políticos dos PIGS decidiram então em 2015 abandonar a Zona do Euro e criar a União Mediterrânica, a que se juntou a Franca, os países da Península Balcânica, Hungria, Roménia e Turquia, criando entre eles uma moeda comum e estreitas relações com os países vizinhos como a Rússia, Ucrânia e países da Bacia Mediterrânica. As relações mútuas com o resto da União Europeia continuaram e continuam, mas não mais como impertinentes mendigos, mas sim como concorrentes a tomar a sério. O valor económico criado na União Mediterrânica ultrapassou em 2028 pela primeira vez o valor do resto da Europa, incluindo o dos Países Nórdicos.
O velhote ainda muito tinha para contar destes tempos vindouros, mas sente o calor dum fugitivo raio de sol na careca e abre os olhos. A mixórdia já lhe não bate na janela, mas lá fora observa como os plátanos ainda se vergam sob a fúria do vendaval. Ele apercebe-se ter voltado à vida real do ano de 2011 no momento em que pega no jornal alemão. Um "esperto" comentador escreve aí, "...e os PIGS continuarão a esbanjar este nosso mal empregado dinheiro à custa dos nossos contribuintes alemães, sem a perspectiva de que estes um dia irão ver um único cent!".
Ainda bem que os Chineses e Brasileiros estejam a avaliar melhor a nossa capacidade de ultrapassar a maldita crise.
sebastiao batista