Pelas ruas da nossa aldeia vai passando a procissão, ricos e pobres todos em fatos ricos, colchas janotas ao vento nas janelas, máquinas fotográficas a metralhar as beldades encadernadas em vestidos OLÉS, com os estandartes a impar clorofila e a darem vivas aos santos. E isto, enquanto os banquetes ficaram em casa a ferver, a chiar em cima dos fogões a desbaratar calorias, a fazerem-se aos apetites ávidos de meu povo que tirou férias em plenário.
Logo a seguir à procissão, meu povo deixou as ruas desertas e sem voz, para correr para os plenários familiares de roda das mesas dos banquetes a criar alma para a tarde dançante no Largo da Eira. Os nossos emigrantes, entrinheirados no seu dinheiro disparavam marcos, francos, dollars contra as garrafas da quermesse, enquanto os mais novos lufa-lufavam no fogo da Eira com a música em ala. O fogueteiro das Mouriscas teve um acidente grave com uma cana que lhe perfurou um pulso, que todos muito lamentamos. Se não fosse um dos vereadores da festa que avançasse para o serviço, teríamos que embalsamar o resto da alvorada. Muito pronto, sem um santiamen de pausa, o Cerdeira pegou no serviço enfiando para o ar o resto da alvorada, que teve léguas de duração, com meu povo de olhos espetados no ar a ver de que cor era o seu dinheiro. Só que o Cerdeira queimou-se todo. Coitado, as pontas dos dedos ficaram como as de S.Lázaro, ficou preto de pólvora e serviço cumprido, queimou as calcas, ardeu-lhe a camisa, o bigode se o tinha também ficou caput no fim.
O conselho da festa deu-lhe umas calcas e uma camisa nova a ele, e 1.500$00 a mim. O que ele tem é de repor as bombas que não rebentaram e ficaram espalhadas no mato, sem o que, os companheiros não prestarão contas da festa. O Peixoto vendeu tanto trotil e trotilada, que disse: Alaga-se o mundo se meu povo em vez de beber, entornar a coisa. Vejam lá que nem o imposto atinava de que partido politico era! Os Bombos de Silvares "Alertas do Oriente" do meu amigo Ti Paulo sempre vieram no dia da festa a abrir caminho ao grande Rancho de Silvares que entusiasmou a nossa gente com a sua categoria e vivacidade.E os Bombos?...que personalidade,senhores,aqueles bombos electrónicos no ar,a chegar ao céu,com aquele barulho capaz de alevantar toneladas de almas das profundas dos infernos! O Rancho de Silvares, foi ele mesmo, muito cotado, encheu de alegria e frenesim os egrégios Netos que cá deixaram os egrégios Avós. No próximo mês,se nao me arrepender,vou continuar esta conversa,tanto mais que ainda fico a dever uma palavra de alto apreco e parabéns ao Conjunto da Barroca Grande e seu estrela, senhor Serrão.
Falecimentos
E agora, mudando de linha, no mesmo número desta noticia irreverente da Festa dos Mineiros, cumpre-me lamentar a morte de alguns dos nossos irmãos. Assim, em Franca faleceu a senhora D.Maria do Céu Covita do Carmo, com apenas 34 anos, que deixa viúvo o sr.Pacheco dos Cambões. Espera-se a todo o momento, o seu corpo para ficar sepultado em S.Jorge. Também faleceu o sr.Manuel Gonçalves Pacheco, ainda bastante jovem. Em Coimbra, faleceu ainda com trinta e poucos anos a esposa do sr.José Pereira, Dona Maria dos Santos Pereira. Por último, faleceu depois de um mês de doença, na força ainda da vida, o sr.José Saraiva Genro, que deixa viúva a senhora D. Piedade A. Ramos. Sentidos pêsames a todas estas famílias de luto.
Jorge Baptista